sábado, 28 de fevereiro de 2009

Escolhendo meus sapatos.

Não precisa entender. Me entender, entender ninguém. Basta aceitar. Respeito é a palavra de ordem. Se eu não sou um protótipo pré-existente, se não sou um ser estático, todo esforço pra entender é vão. A compreensão de que somos todos dinamicamente diferentes é por si só um entendimento do que é a natureza humana, e basta! Daí, que deve vir o respeito, que é a tolerância com as diferentes realidades que coexistem por aqui, por aí, mesmo que não consigamos captar todas elas, basta saber que elas existem e que não nos cabe ficar apotando se é certo ou errado, bonito ou feio.
Caminhar sobre os passos que outros deram pode não levar a lugar algum. Você segue, segue, e chega um momento que essas pegadas não fazem sentido. E sozinho, você não sabe voltar, nem seguir em frente, se ninguém apontar a direção. Pra alguns, essa pode ser uma solução mais segura. Mas, esse tipo de segurança não me atrai. O medo de fazer suas próprias escolhas impede que a vida aconteça, de fato.
Quando as consequências que sofremos é resultado de experiências que escolhemos é um tanto mais tranquilo enfrentá-las, são mais reveladoras e enfim, é tudo sua própria história, sua bagagem.
O 'sistema' (a ideologia da sociedade, as formas de poder, os controles sociais...) já é bastante autoritário e carcerário. Achamos [ou fingimos?!] muitas vezes que estamos fazendo escolhas, quando na verdade são as poucas opções que já foram antes escolhidas para nós. Dizem que somos livres, mas uma liberdade vigiada e controlada por dnheiro e instituições. O tempo todo somos bombardeados de notícias, produtos, regras, verdades absolutas, vivendo sob atos-reflexos, sem reflexão alguma, sem questionamentos, permitindo que muita coisa aconteça sem que possamos interferir ou se quer pensar a respeito, desacreditados, desconfiados e sem esperança de que é possível transformar qualquer coisa. Se já temos um modelo predatório, que parece intangível, imutável e inumano, porque diabos acabar com o resto de liberdade que nos sobra?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bad jokes, nevermind!

Esse avanço feminino na descoberta do mundo, descoberta de 'seus próprios referencias', parece causar uma certa covardia em certos homens. Sempre existe aqueles que nutrem a esperança de manter eternamente essa antiga relação de domínio do masculino sobre o feminino. Isso me cheira a insegurança, boys. Tipo, precisam mesmo disso, porque sozinhos não conseguem se autoafirmar, mesmo que isso não seja necessário, sempre foi o ensinado. E aí, acontece que eles inventam piadinhas internas, vocabulário machista típico, contam experiências bizarras, tudo isso na nossa presença pra intimidar as mulheres ao redor. E conversar, argumentar, trocar idéia, abrir a cabeça...nada! Mas é óbvio, acham que fazer isso pode ser um risco a sua virilidade.
Mas sabe, quando passo por essas convivências incômodas, eu costumo ficar um tanto amarga no momento, e não dou indiretas como eles. Respondo, falo, tagarelo, digo tudo que vem a cabeça, e perco meu humor. Todos sabem da minha postura! Aí sempre há quem fale que é brincadeirinha, dizem que levo muito a sério, bla bla bla...A questão é que, de boa, me desgasto muito também. E simplesmente, corto relações. O mais sensato a se fazer.
Só que também vejo umas minas que não percebem que são ridicularizadas o tempo todo...ou não se incomodam porque ficam tentando ser aceita e coisa e tal. E sinto muito por elas...Dá vontade de gritar: eeeeeeei, tem caras legais por aí, você não precisa disso.Pra quê se esforçar tanto? Por que se calar, engolir piadas de mau gosto, e fingir que tudo é legal?
Mas muitas vezes, me calo pra elas...Não falo nada, porque vão dizer que isso é coisa de mulher mal comida, feminista azeda, e esses velhos jargões dos que tentam menosprezar. O que é totalmente o contrário, isso é mais coisa de mulher resolvida, que acredita que feminismo não é outro tipo de sexismo, e que só foram mal comidas quando por homens tão toscos (no sentido denotativo da palavra), mas que já encontraram caras legais e foram bem tratadas demais pra regredir.
Ah, e eu amo os homens sim, mas só os que sabem como amar as mulheres.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pairando entre o medo e o amor.

'Era dentro disso que precisava mover-se: sob o risco de.'

Pra viver, viver de fato, corre-se riscos o tempo todo.
Eu quero pra mim isso tudo, mover minha vida sob essa expectativa de estar sempre pondo algo em risco. Em risco: isso está estigmatizado e negativizado em seu sentido. Para mim, isso tanto tem de mistério quando de positivo... Os passos que vou dá, as palavras proferidas, as reflexões, as buscas, os novos lugares que frequentar, as novas pessoas das quais me aproximar, tudo isso deve me transformar de alguma forma, e isso é arriscar. Arriscar todo seu conhecimento anterior para poder expandi-lo. É como ler um livro e delirar sobre ele um tempo, até que você lê outro, e mais outro e assim vai...
Mas, há decisões mais pesadas, riscos mais graves, talvez. Eis que surge uma dúvida: quando acontece alguma coisa que precisamos dá um passo cego, e de repente arriscar algo que até o momento é muito valioso...será que o perigo de perder esse algo valioso já não põe em dúvida quão valioso isso é? será que chegamos a uma situação limite quando estamos arriscando algo tão precioso assim?
Não sei até que ponto é certo que o que é realmente nosso nada nem ninguém nos tira.
O medo muitas vezes nos tira a vida. Sob ele sobrevive-se, mas não se vive.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Protege mòi.

É o desejo de ser que faz a gente se tornar o que a gente quer? O desejo é parte do ser, mas não do será? Ou tudo junto?

Eu não sei o que quero, exatamente. Mas sei que estou no meu caminho, como diria o poeta, mesmo não sabendo quais são os passos que tenho que dá, nem as esquinas que tenho que virar.
Acordo, certos dias, com medo de negligenciar coisas que sempre me foram e ainda são importantes. Tenho receio de acordar e não sentir essas coisas palpitando em mim. Se acontecesse, será que o desejo que tenho de mantê-las venceria o tempo que causa mudanças?
Acho que sim...Mas ao mesmo tempo, se desejo tanto mantê-las porque as acho importante, então é porque elas ainda estão fortes aqui dentro, não tem como simplesmente pôr de lado.
Outros dias, não sei direito o que quero, o que vou fazer dali pra frente, o que sou...
Mas, como diria o outro poeta, se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, aceito a condição e dispenso a previsão.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

e assim, a vida...

O tempo vai passando...e algumas coisas e pessoas são superadas. Outras não. Não tão cedo, talvez nem tarde, quem sabe...
Não sei exatamente quando acontece, nem como...mas de repente, se descobre que aquela história já não dói mais quando lembrada, já não incomoda, e ás vezes dá até pra rir. Ou o contrário, que é um pouco mais desestruturante, quando se julga imune ao passado...e caímos do cavalo.
Quantas vezes já me surpreendi com as descobertas de meus próprios sentimentos, perdi as contas. Quantas vezes reagi de forma inesperada diante de situações que antes ensaiei 'todas' as possibilidades.
Eu tenho 'feridas que com o tempo fingiram parar de doer'. Acho que sou eu que faço-a travestida de cicatriz pra poder me convencer de que certos sentimentos devem acabar mais cedo do que mais tarde. Não sei pra quê esse esforço em vão...
Eu também tenho histórias que enterrei sem perceber. Conscientemente, poderia afirmar que estavam insuperáveis...e eis que tenho estalos, e descubro que nem é mais aquilo que desejo pra mim...acho que aí que começa a superação. Isso não é só pra amores mal resolvidos.
Enfim...tem momentos que uma coisa parece gigante, e em outro, uma pedrinha que você chuta pro outro lado da rua...
'E se tudo fosse, de qualquer modo, absolutamente coisa nenhuma?'

E aí?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

I can't get no...



Estar insatisfeito. De fato, isso é o que nos liberta e ao mesmo tempo aprisiona.
A insatisfação é o que faz a gente se levantar, sublevar, buscar mudança. Mudar de casa, de cidade, de país, de pessoas, de ciclos, de si mesmo... Essa procura por transformar a realidade em outra causaria, supostamente, o encontro com outras realidades, outros mundos e aos poucos a alma se expande, se liberta de muitas amarras,' portas da percepção' se abrem. Dependendo do que e como se busca, maior se torna a liberdade (mentalmente falando) que se conquista. Disposição é tudo. Para enxergar as coisas não basta ter olhos, tem que querer enxergar. E para abrir portas e expandir a visão individual de mundo, tem que querer enxergar que existem sim outros mundos.
Porém (sempre a adversativa!), o ser humano é insatisfeito, e nos casos mais graves, grandes frustrados! Satisfação plena é ludismo, é utopia, comodismo talvez? Ou seja, somos prisioneiros do que nos liberta. Conseguimos algo aqui, mas falta um tanto de outra coisa. E em determinadas situações sentimos uma sensação boa, de estarmos satisfeitos. E de fato, muitas vezes me sinto, mas tudo se resume àquela situação, àqueles sentimentos, ao lugar, às pessoas...Não caberia a tudo.
E particularmente, quanto mais a cabeça se abre pra novas idéias, mais difícil fica se estabilizar. Como posso encarar tanta coisa que me parece errada dessa realidade sem entrar em conflito? Sem querer reclamar, desobedecer, transformar?
Afinal, quando se aprende muita coisa, parece que muito mais coisa é cobrado como retorno.

Por isso tudo, e apesar disso tudo, eu, ainda que insatisfeita, consigo sentir gostos de alegria intensa, arrisco até felicidade.